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Fibroma Periférico: Quando o Subtipo Influencia o Resultado

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Introdução O fibroma periférico ossificante é uma entidade relativamente comum, correspondendo a 9% de todas as tumefações gengivais. É caracterizada por uma neoformação reativa com aumento do volume gengival e um padrão histomorfológico específico. A etiologia é desconhecida, embora seja colocada a hipótese que tenha origem no ligamento periodontal, córion gengival ou periósteo. Também está documentado que pode representar uma maturação de um granuloma telangiectásico ou granuloma periférico de células gigantes preexistentes. Localiza-se, em 60% dos casos, na maxila e mais de 50% dos casos ocorrem na região dos incisivos e caninos. Atinge sobretudo crianças e adultos jovens e tem predileção pelo sexo feminino. A sua apresentação típica é uma massa firme, com 0,5 a 2 cm de diâmetro, bem definida, séssil ou pediculada. Normalmente a lesão é coberta por epitélio normal, mas pode ulcerar ao longo da evolução, com variação da coloração entre rosa e vermelha. Histopatologicamente, apresenta-se como uma proliferação fibroblástica com componente mineralizado, como osso, cimento ou calcificação distrófica. Pode ainda apresentar infiltrado inflamatório crónico e células gigantes multinucleadas. O seu correspondente central é designado por fibroma ossificante: uma lesão localmente agressiva que pode levar à destruição óssea acentuada e à lesão de estruturas vasculonervosas circundantes. Apesar do bom prognóstico após excisão cirúrgica, o fibroma periférico ossificante tem uma elevada taxa de recidiva quando não excisado por completo. Com este caso clínico pretendemos demonstrar a importância do diagnóstico histológico que permitiu a deteção precoce da recidiva. Caso Clínico Mulher de 33 anos, saudável, recorre ao Serviço de Urgência do Hospital de São José em fevereiro de 2019 por tumefação da gengiva do 4º quadrante, sem saber especificar o início de aparecimento e sem qualquer outra sintomatologia associada. Objetivamente apresentava múltiplas raízes retidas e identificou-se uma tumefação gengival avermelhada, não ulcerada, não sangrante e indolor à palpação, com 2cm de maior eixo, na face vestibular do 4º quadrante, adjacente às raízes do 4.6 e 4.7. Foi requisitada uma Ortopantomografia que revelou apenas raízes retidas de 3.6, 3.7, 4.6 e 4.7. Após rotinas laboratoriais sem alterações, a doente foi submetida a exodontia do dente 4.8 e raízes de 4.6 e 4.7. Concomitantemente realizou-se uma biópsia excisional da lesão do 4º quadrante, associada a uma curetagem dos ligamentos periodontais e periósteo e antibioterapia (Amoxicilina 1g: 1 comprimido de 8 em 8 horas). Posteriormente extraíram-se as raízes de 3.6 e 3.7. O resultado anatomopatológico foi “Fibroma ossificante”. Na consulta de reavaliação em setembro apresentava novamente e na mesma localização uma lesão ulcerada, não sangrante e indolor à palpação com cerca de 1,5cm de maior eixo, com 1 mês de evolução. Pediu-se nova Ortopantomografia que revelou alvéolos livres exceto nos dentes remanescentes, sem qualquer lesão intraóssea. Procedeu-se a nova biópsia excisional com regularização do rebordo alveolar. O Serviço de Anatomia Patológica comparou estes fragmentos com aqueles obtidos na primeira biópsia tendo concluído: “Fibroma periférico. Lesão do tipo ossificante (porção central) e do tipo células gigantes (porção periférica). A celularidade do estroma aponta para variante juvenil. A lesão interessa as margens”. Após 18 dias a doente estava assintomática, a ferida operatória com boa evolução cicatricial e agendou-se consulta de reavaliação aos 3 meses. Discussão e Conclusão Os fibromas periféricos são lesões hiperplásicas reativas que ocorrem exclusivamente na gengiva. O fibroma periférico ossificante é o subtipo com maior frequência de recidiva, sendo fundamental o seguimento periódico de doentes com este diagnóstico. Apesar da Ortopantomografia não apresentar lesões ósseas, o resultado histopatológico inicial podia levar-nos a suspeitar da variante central do fibroma ossificante. Dadas as características agressivas desta lesão, a consulta de reavaliação foi agendada numa cronologia que nos permitiu a deteção precoce da recidiva. A comparação das lâminas entre a primeira e segunda biópsias foi essencial para um diagnóstico definitivo. Não obstante apresentar algumas características celulares mais frequentemente observáveis no fibroma ossificante juvenil, a classificação desta lesão como fibroma periférico permitiu-nos uma abordagem mais conservadora, sem compromisso do prognóstico. A doente encontra-se assintomática e com consultas periódicas no Serviço de Estomatologia do Hospital de São José.

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Keywords

HSJ EST HSJ ANPAT Fibroma Ossificante Periférico Tumor Gengival Fibroma Periférico Cirurgia Oral

Citation

Revista AMEP 2019; 16: 47

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Associação dos Médicos Estomatologistas Portugueses

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