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Ao longo da História da Humanidade, a doença mental surge como um obstáculo entre o indivíduo e o seu próprio ambiente, tornando-o alienado da sociedade. O objetivo deste artigo é precisamente divulgar uma modalidade atual de combate ao estigma e à integração de pessoas com doença mental na sociedade,
recorrendo a uma atividade culturalmente relevante, neste caso o Carnaval no Brasil. Tudo surgiu após a Reforma Psiquiátrica no Brasil, implementada em 2001. O tratamento da doença mental passou a ser preferencialmente em regime ambulatório ao invés do internamento, fomentando a integração do doente na
sociedade e a desativação gradual dos manicómios. Dada a festividade carnavalesca ser vivida intensamente em todo o Brasil, em 2004 foi criado um “Coletivo Carnavalesco” designado por “Tá Pirando, Pirado, Pirou!”, organizado por trabalhadores do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). O objetivo deste cortejo é acima de tudo desmistificar a ideia de que as pessoas com patologia mental são perigosas e proporcionar aos doentes um sentimento de pertença à sociedade, mostrando que o tratamento pode ser conduzido sem que haja exclusão social. A organização do coletivo é feita através de “Oficinas” que correspondem a atividades organizadas pelos trabalhadores do Instituto com os doentes e familiares, onde se prepara o desfile, desde a confeção da roupa até à aprendizagem do Samba. A adesão dos utentes, familiares e profissionais tem vindo a crescer, permitindo uma maior sensibilização da
comunidade para a patologia mental e desta forma contribuir para a diminuição do estigma associado. Em 2018 foi criada pela primeira vez a ala infantil, representada pelo Centro de Atenção e Reabilitação à Infância e Mocidade (CARIM), vinculada ao Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que atende o público infanto-juvenil. Desde há quinze anos que este coletivo desfila na Avenida Pasteur do Rio de Janeiro, sendo considerado um dos maiores símbolos de inclusão da doença mental na comunidade brasileira.
Description
Keywords
Doença mental Estigma Reforma psiquiátrica Inclusão Brasil HDE PEDOP
Citation
Rev Port Pedopsiquiatria. 2019; 43: 103-111
Publisher
Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência